Luiz Henrique

Talvez por teimosia ou puro exercício de fé, ainda acredito na natureza humana ...

Textos


TU E EU…
(Fátima Pereira)

Já o sol se punha quando nos encontramos,
Vi-te e os meus olhos depararam contigo,
Sorridente e afável,
Aproximamo-nos e os nossos olhares,
Trocaram cumplicidades nunca sentidas,
Amor à primeira vista,
Talvez, não sei,
Mas ambos sentimos algo inexplicável…

Foram serenos dias de sonho intermináveis,
Sensações únicas,
Sentimentos jamais vividos,
Fui tua, foste meu,
Possuímo-nos com sofreguidão,
Um só ser,
A fusão plena de almas que se desejam,
Que se completam,
Explosão sublime de dois corpos,
Possuídos e pelo desejo perdidos…

Juntos, absortos pela paixão,
Fizemos planos,
As nossas noites foram loucas,
Longas e poucas,
Para extinguir a chama,
Do fogo que ambos ateamos,
Amei-te, amaste-me,
Mas desse sublime amor
Apenas restam as minhas divagações,
Puras e loucas,
Sim, loucas,
Loucas de amor por ti.

E fulminada pela saudade,
Prossigo o meu percurso,
Só, de alma e coração vazios,
Ensombrados pelo pesadelo da tua indiferença,
Impotente perante a tua ausência…

Resposta:

EU E TU...
(Luiz Henrique)

Não nos demos um ao outro, apenas
Demo-nos a um amor que críamos sem fim
Tu, no furor da paixão jamais te apequenas
E eu, impregnei cada poro do teu corpo em mim

Foram dias e noites de paixão febril
Em que entregamo-nos sem trégua ou reservas
Quis o destino, por ironia, nos atribuir esse ardil
Arrastando-nos à condição de daninhas ervas

Há um componente de loucura
Nessas coisas do amor e da paixão
É doença sem remédio e cura:
Os poetas são fadados a viver em solidão
E acredite: remar contra esta assertiva é vão

Por consolo penso que nada desperdiçamos
Desse amor que, ambos, experimentamos:
Na proximidade dos corpos - intenso
Na intimidade das almas - leve
No arrebatamento da alcova - denso
E por secular maldição - breve

Eis a cota que nos cabe e resta, poetisa
Falhamos nos planos numa aritmética indivisa

É que para nós, todo amor é pouco
Damos (e esperamos) sempre muito, sempre mais
E nas peças que nos pregam esse mundo louco
Estamos distanciados - nem tanto nem pouco
Ligados como fantoches, apenas por nossos ais ...

 
Luiz Henrique Noronha
Enviado por Luiz Henrique Noronha em 09/08/2013
Alterado em 09/08/2013


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