“A poesia fugiu” (Luiz Henrique) A poesia fugiu do mundo Levando junto em sua bagagem Ingênuos sonhos de amor eterno Quiçá não se demore Que seja breve em seu retorno Sem ela a vida se fará um inferno A poesia fugiu do mundo Restou aos homens o egoísmo Em espasmos de prazeres fúteis Num ir e vir corrido Nas relações sem profundidade Pequeninas, apressadas e inúteis A poesia fugiu do mundo A cidade ficou desértica Ficaram ruas, carros, postes e fios Os olhares já não se cruzam Nessa perambulação automatizada E os prazeres do amor são apenas cios A poesia fugiu do mundo E a volúpia de um amor maior Se lhe fez acompanhar e com ela conviver Sobrou a alegria intermitente Dos anúncios nos letreiros luminosos E o saldo residual que ainda se precisa viver A poesia fugiu do mundo, descrente e desmoralizada E deixou por legado uma desumanização generalizada ------------------------------------------------------------------------- Luiz Henrique Noronha
Enviado por Luiz Henrique Noronha em 22/04/2011
Alterado em 26/04/2011 |