“Oceano” (Luiz Henrique) Queria ter o movimento dos oceanos Estar a um só tempo em todos os lugares Tendo como fiel companheira há anos A Lua , que enamorada, lhe lança olhares Sábio e flexível ao longo do tempo Hábil, na hora certa sabe bem o que fazer Suas marés são o seu temperamento Agredido pelo homem a não mais se conter Raramente usa o exército do vento Não o provoquem! Lhe basta o braço erguer Tem aceitado - diria até pacientemente Todo tipo de sujeira, agressão e maldade Vidro, plástico, madeira e óleo, freqüentemente Esgoto sem tratamento de tudo que é cidade Em contrapartida, sua compreensão e bondade Nos dá o peixe e o sal da vida, mormente Além de propiciar uma segura navegabilidade Mais sofisticado ainda é o que ocorre ultimamente Se não fosse uma triste verdade, o inusitado seria cômico Faz-se no mar processamento de urânio - um lixo atômico Ironia do destino ou do homem ardil? Nos permite arrancar de suas entranhas O estratégico petróleo, em dólar o barril E o descaso e ganância em suas artimanhas Devolvem a quem para essa riqueza contribuiu Combustíveis poluentes em proporções tamanhas Em sua ambição sem medida O homem lhe furta de tudo, até território Inopinadamente, em postura atrevida Sem pedir licença, sem escritura no cartório Basta jogar mais sujeira em forma de aterro Unilateralmente declarar àquele mar o enterro E ali constrói comodidades, comércio e residência Renegando seus domínios, sua vida e existência Por tanta provocação é que às vezes a natureza revoltada cobra Tempestades, maremotos, ciclones, são também de Deus - obra
Luiz Henrique Noronha
Enviado por Luiz Henrique Noronha em 23/08/2009
Alterado em 23/08/2009 |