“Bisturí” (Luiz Henrique) Nunca a humanidade buscou tanto um padrão De um corpo dito “perfeito”, como agora se vê Me preocupa cedermos a essa estúpida pressão Por conta dos anúncios, das revistas e da TV Corpo perfeito é dádiva, uma benção de Deus São poucos privilegiados que já nascem assim Há tantos outros atrativos como os meus e os teus Espero que não repare certos detalhes em mim Aprecio a plástica - há mulheres de rara beleza Cuja imagem encanta, emociona, desperta paixão Mulher sem vaidade - é matéria bruta envolta em tristeza Mas o que me incomoda e revolta é essa supervalorização Se essa campanha prosseguir e essa idéia sedimentar Os feios, os mais gordinhos e os menos aquinhoados Franzinos, carecas, baixinhos, foras de forma ou linear Nem tentar ! A uma vida infeliz estarão predestinados Há muita coisa boa, de valor e qualidade no ser humano Que pode e deve ser permanentemente explorada Buscar no outro apenas beleza é amor leigo e profano O tempo é implacável: reduz a beleza a pouco ou quase nada Sou a favor do cuidado, mas vaidade tem medida Se passar muito da conta termina em futilidade Há também muita beleza e sabedoria minha querida Nos carinhos e toques experientes da maturidade Tem pessoas por aí, que de tão esticadas no bisturí Perderam do rosto a expressão: nem se entristece e nem sorri...
Luiz Henrique Noronha
Enviado por Luiz Henrique Noronha em 10/07/2009
Alterado em 10/07/2009 |